Como a pecuária contribui para a conservação no maior pântano tropical do planeta
No Pantanal brasileiro, a pecuária sustentável é uma ferramenta importante na proteção de uma das paisagens mais importantes da América do Sul
O maior pântano tropical do mundo — o Pantanal brasileiro, lar de onças-pintadas, tucanos, jacarés, ariranhas, cervos-do-pantanal e muitas outras espécies — está passando por uma transição importante. Como parte dessa mudança, um número cada vez maior de pecuaristas da região está adotando práticas sustentáveis que ajudarão seus negócios a prosperar, ao mesmo tempo em que preservam a biodiversidade impressionante (e vital) da região.
Conhecido como Fazenda Pantaneira Sustentável (FPS), esse padrão reúne um conjunto de práticas sustentáveis baseadas em estudos científicos rigorosos e demonstra como a tecnologia, o desenvolvimento econômico e a sustentabilidade podem coexistir, protegendo os ecossistemas nativos e reduzindo os impactos climáticos da pecuária, mas sem deixar de contribuir para o sucesso dos negócios.
Esses são alguns dos principais motivos pelos quais a coalizão Pontes Pantaneiras, formada em 2022 e administrada pela Embrapa Pantanal, Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), The Pew Charitable Trusts, Smithsonian Institution e University College London, promove a FPS, uma iniciativa criada pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.
O padrão FPS inclui ações como o monitoramento hidrológico para avaliar os impactos das alterações climáticas, projetos de restauração que permitem a recuperação de áreas degradadas pelo pastoreio de gado e iniciativas que utilizam recursos nativos e aproveitam a inteligência artificial para monitorar e medir o progresso. Lançada no Mato Grosso, a FPS se expandiu para fazendas no Mato Grosso do Sul com o apoio do Pontes Pantaneiras, que fomenta o diálogo entre diferentes setores e promove estratégias para garantir o desenvolvimento sustentável, a conservação da biodiversidade e a proteção da cultura pantaneira.
A transição para a FPS pode ser decisiva, pois 95% das terras do Pantanal são de propriedade privada, e a grande maioria delas são fazendas de gado, o principal e maior motor econômico das comunidades da região. O gado já está presente no Pantanal há mais de 300 anos; ainda assim, mais de 80% da vegetação nativa permanece intacta até hoje, destacando tanto a importância quanto a eficácia do gerenciamento responsável dos recursos.
Por meio de pesquisa científica e treinamento, a FPS criou uma rede voluntária com cerca de 80 pecuaristas que compartilham conhecimento e fortalecem seu compromisso coletivo, revelando histórias de sucesso e práticas que melhoraram sua produção. Esse trabalho é fundamental, pois o Pantanal enfrenta ameaças cada vez maiores de incêndios florestais e perturbações no ciclo da água causadas por mudanças no uso da terra e pela construção civil.
A iniciativa está sendo implementada em todo o Pantanal e tem previsão de expansão para pelo menos 200 fazendas até 2030. E essa expansão crucial ajudará a proteger o Pantanal ecológica, cultural e economicamente para as próximas gerações.